terça-feira, outubro 29, 2002

Hoje vendo pela Globo News todo oba-oba em torno do novo presidente - beijinhos e abraços dos adversários, me pergunto se não há nada de errado. Tá tudo muito bom pra ser verdade – e espero do fundo do coração que realmente seja. O problema é que meu lado realista na maioria das vezes fala mais alto.
A comoção dos eleitores já era de se esperar, depois de tantos anos de tentativas frustradas. Esperança renovada assim me faz lembrar da época do Tancredo – os mais velhos podem me corrigir, mas é apenas a lembrança que eu tenho daquele tempo e crianças sempre enxergam o mundo de forma meio fantasiosa. Infelizmente deu no que deu: o velhinho se foi e com ele a perspectiva de um Brasil melhor para muita gente - até hoje lembro dos olhos da minha mãe, do meu pai segurando a onda e que naquela noite pedi para dormir no quarto com eles - de certa forma era como se todos nós tivéssemos um pouco abandonados.
A associação pra mim é inevitável (não que o cara vá bater as botas, ok?), mas porque como dizem, “alegria de pobre dura pouco” e “quando a esmola é demais, o santo desconfia”. Acredito em mudança sim, senão não teria dado o meu voto de confiança ao Lula, só que o buraco é muito mais em baixo: tem a desconfiança lá fora, com certeza muita gente querendo puxar o tapete aqui dentro e há uma Constituição que não pode ser passada por cima. Mas parece que muita gente tá se esquecendo disso e também do fato de que ele não tem varinha de condão.