domingo, setembro 15, 2002
Não sei quem foi a inteligência que dispôs os bancos do metrô. Qual a graça de ter alguém em frente a você, cara a cara? E os bancos encostados nas laterais? O jeito é olhar para o breu lá fora, fingir que está dormindo ou se distrair lendo alguma coisa. Taí. Quem sabe o objetivo não era esse?
Dia desses, como se não bastasse o fato de eu não ter nada em mãos pra ler a não ser o extrato bancário pra me deixar em depressão e a pilha do walkmen ter acabado, me deparo com uma mulher olhando em minha direção. Disfarçadamente, olho prum lado, pro o outro. Nada. Não parecia ter nenhum conhecido dela ali - ”isso NÃO está acontecendo...calma...só impressão, melhor desencanar”. Disfarçadamente dirijo meu olhar adiante. Céus! Como se não bastasse olhar fixamente durante umas três estações, agora a gorda sorria! E o pior é que não era um sorriso de deboche ou coisa que o valha. Em todo caso, olhei meu reflexo no vidro do trem e...tava tudo normal! Meus Deus o que é que eu faço? (meninos, vocês que estão mais acostumados, alguma sugestão?) ”Ela só pode estar me confundindo com alguém, não é possível!” Procuro alguém semelhante na minha memória, e nada. Uma mulher com um bigode daquele tamanho não é tão fácil de se esquecer. Enfim. O jeito agora é se distrair arrumando a bolsa, fingir que tá fazendo alguma ligação do celular ou então sair correndo na próxima parada. Fiquei com a primeira e a última. Mais eis que quando me levanto, antes do trem parar, a infeliz se levanta também e vem na minha direção, com aquele sorrisinho... só me resta agora me enfiar entre o povo em volta sair junto com eles – ser compacta tem suas vantagens ;-) – olho pra trás pra não atropelar ninguém e o que eu vejo? Um menininho, de uns dois anos de idade, sentado com o pai exatamente atrás de mim. Olho pra frente e quem está lá? A gorda dando tchauzinho pro guri. Graças a deus. Mas todo cuidado é pouco, melhor ela sair na frente.